Anúncio da década de 80, quando nossa empresa iniciou a venda no interior do estado de São Paulo.
Publicado em 02/09/2013
Nossa especialidade é artigos de tabacaria com tradição de mais de 70 anos produzindo e vendendo "Fumo de rolo".
"Fumos Ouro Preto"!
Josué Eiras no balcão da tabacaria no Mercado Municipal/Foto: Luís Antonio
Josué Eiras, nos anos 60. Ao fundo, início das obras do futuro Terminal Rodoviário (hoje Terminal Central de Integração)/Foto: Arquivo Pessoal
Publicado em 24/08/2013.
Comerciante possui uma tabacaria no Mercado Municipal há 50 anos e guarda recordações e fotos do tempo em que chegou ao local
Com a tranquilidade de quem é da época em que não se tinha problemas com trânsito, por exemplo, o comerciante Josué Eiras, de 71 anos, acompanhou o crescimento da cidade em pé, atrás do balcão da tabacaria que possui há 50 anos no Mercado Municipal.
“A antiga rodoviária [onde atualmente funciona o Terminal Central de Integração] estava começando a ser construída e a Via Expressa era apenas uma rua comum”, conta ele, que veio de Minas Gerais para trabalhar com o tio em uma loja do mesmo segmento. “Fiquei alguns anos com ele, mas depois decidi abrir minha própria tabacaria”, disse.
Com o trabalho na loja, que vende do tradicional fumo de corda a guarda chuva, malas, pilhas e até correias de chinelo, Josué diz ter criado e ajudado os quatro filhos a se formar. “Todos eles trabalharam comigo aqui por um tempo e hoje estão nas profissões que escolheram seguir”, orgulha-se.
Com fotos antigas e uma série de recortes de jornais, o comerciante considera o trabalho como uma
distração e fala não ter planos de abandonar a loja. “Vou trabalhar até o fim da minha vida”, terminou ele.
Publicado no Simnews por Pamela Cadamuro em 23/08/2013
Recortes de uma Araraquara
Jornal Tribuna Impressa - 23/06/2007
Texto de Andressa Fernandes
Fotos de Daniel Barreto
Em tempos de comércio virtual, elemarketing, auto-atendimento, balcões de compensado e prateleiras plásticas em lojas de decoração clean, ainda é possível encontrar em Araraquara redutos comerciais que parecem ter parado no tempo. Neles, a tradição e a familiaridade fideliza a clientela e as novas gerações costumam herdar tanto o negócio quanto os descendentes dos clientes de seus pais e avós.
Este é o caso da farmácia Drogalar, na avenida 36, da Tabacaria Mineira, no Mercadão, e da Mercearia Sígoli, na Vila Xavier. Entrar nesses estabelecimentos, cujo visual passou por poucas e quase imperceptíveis mudanças desde que foram abertos, em outras épocas, é como entrar em um túnel do tempo.
Ainda se encontra neles prateleiras de madeira em vez de compensados, grandes sacas de graus ou especiarias no lugar de embalagens individuais e contas anotadas em cadernetas para pagamento no final do mês.
Nesta edição, entre conosco em três túneis de tempo que resgatam comércios de décadas perdidas de Araraquara. (Silvia Pereira)
Visual retrô e bom atendimento
Instalada na avenida Padre Salles Colturato (36), a farmácia Drogalar é uma das mais antigas de Araraquara. Inaugurada em 1969, sua decoração, típica de estabelecimentos comerciais dos anos 50, confere ao ambiente um clima retrô. Suas enormes prateleiras de madeira embuia, feitas sob medida e por encomenda, vão do chão ao teto e ainda conservam as escadas - também de madeira - que se movem por um trilho de metal dourado.
“As prateleiras foram feitas na oficina do finado Fioriberto, que até hoje funciona aqui perto, com o trabalho dos dois filhos dele. Não se faz mais iguais. Se fosse comprar hoje, não sairiam por menos de R$ 100 mil”, comenta, orgulhoso, o proprietário, o farmacêutico Francisco Olavo de Souza Lima, de 65 anos.
Ele admite que nunca teve intenção de mudar a aparência do estabelecimento. “Na verdade, tem gente que acha linda a farmácia como é; outras perguntam porque não modernizamos. Eu nunca senti necessidade de mudar. Sou meio tradicionalista”, diz.
Mas, como se trata de um estabelecimento que “vende saúde”, algo teve que acompanhar o ritmo da modernização. No caso, o laboratório, que funciona nos fundos, onde uma farmacêutica formada manipula as fórmulas.
O restante do prédio só recebeu manutenção nos últimos 38 anos, como o envernizamento das prateleiras e a troca de utensílios que ficaram obsoletos ou tiveram sua utilização proibida pelos órgãos de Saúde do País. Ainda assim, ele guarda esses utensílios. “Ainda tenho a seringa de vidro, a balança de Roberval, que era usada para pesos maiores, e a balança de precisão, para pesar gramas. Todos são guardados como relíquia. Há 40 anos, nós chegávamos a aplicar 60 injeções por dia. Hoje, não fazemos isso nem por semana. Antes havia várias receitas injetáveis para a gripe, mas a própria Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] tirou”, conta.
Há cerca de dez anos, 'seo' Olavo foi procurado por um colecionador de peças antigas. “Tive oferta de um cara que chegou e falou: 'faço instalação nova e deixo o local todo moderno'. Não sei nem quem era, porque não me interessei. Ele não queria nem a farmácia, queria as prateleiras”, lembra.
Clientes como herança
De acordo com 'seo' Olavo, a tradição em seu estabelecimento não é mantida apenas pelas prateleiras de madeira, mas também pelo atendimento ao público, que não mudou. Para ele, o atendimento diferenciado é o que mantém a fidelidade de mais de 200 clientes, que freqüentam o estabelecimento há muitos anos, seja pelo gosto e confiança ou pela amizade. E essa fidelidade é passada de pai para filho entre os clientes, também por conta do clima familiar, que ele faz questão de manter no atendimento, pois é o que quebra a sensação de “comprar saúde” e leva o cliente a confiar no trabalho de alguém que o acompanha há anos.
Túnel do tempo
Observar a fachada típica de início de século da Mercearia Sígoli, percorrer seu interior cheio de prateleiras de madeira na parede, utensílios pendurados no teto e sacas enormes de grãos encostados no balcão de madeira é reportar-se a um tempo em que a cidade ainda tinha ruas de terra, a maioria dos grandes bairros residenciais dava lugar a grandes propriedades rurais, as famílias se arrumavam aos finais de semana para ir à igreja e uma vez por mês para ir à mercearia fazer fartas compras que enchiam as despensas das casas.
Inaugurada em 1950 por Ângelo Sígoli, a mercearia hoje é administrada pelos seus netos Luis Sígoli, de 53 anos, e João Carlos Sígoli, 50, ambos solteiros e moradores, até hoje, nos fundos do estabelecimento.
O estoque ainda guarda todas as características e variedade de produtos da época em que começou a funcionar. “Antigamente eles chamavam esses lugares de secos e molhados. Existiam muitos empórios como este por aqui. As pessoas vinham do sítio e faziam compra para o mês. Achei que se mudasse para serviços de auto-atendimento, como existem tantos hoje, não sobreviveríamos, porque aqui perto tem muita concorrência. A própria freguesia pedia que não mudasse nada”, conta Luis, que praticamente cresceu no estabelecimento.
Os irmãos contam que nunca planejaram manter o negócio começado pelo avô e passado ao pai, José Sígoli, mas em 1980, o pai deles chegou com toda a papelada na mão para passar a mercearia para o nosso nome, era só assinar. “Naquela época esse tipo de coisa ficava muito caro, então assinei”, comenta Luis. Segundo ele, a única mudança feita na mercearia foi a aquisição de um balcão de refrigeração, comprado no final da década de 60 para manter na temperatura e iogurtes e garrafas de refrigerantes.
Os irmãos contam que a vontade de manter o aspecto do estabelecimento não tem relação com resistêcnia a se modernizar, mas com oferecer os mesmos serviços àqueles clientes que estão ali todos os dias, há anos. “As pessoas aqui, saem do trabalho no final da tarde e vêm para cá, e aqui ficam duas, três horas conversando, tomando uma cervejinha. Nessa hora, já passam para o lado de dentro do balcão. Então, são muitos amigos, além de clientes. Inclusive, tenho uma cliente que ainda faz lista de compras e manda vir buscar. Temos também o sistema de conta, no qual os clientes sempre marcam para pagar no final do mês”, conta Luis.
Valdemar Alves de Souza, de 73 anos, é um exemplo desses clientes. Sempre freqüentou e fez suas compras na mercearia nos 52 anos em que mora no bairro. Era amigo do avô e do pai e agora é de Luis e Ângelo. Sapateiro aposentado, manteve um estabelecimento próximo ao local por 38 anos. “Venho aqui todos os dias conversar e tomar uma cervejinha”, conta.
Histórias para contar
Os irmãos Sígoli relembram histórias e episódios vividos no lugar, como uma ocasião, por volta de 1985, em que um Fiat 147 dirigido por um padre entrou com tudo na parede da mercearia após ter colidido contra outro veículo no cruzamento das ruas. “Quebrou tudo. Com a pancada, o detergente que estava no balcão foi parar na sala”, diverte-se Luis.
Em meio a tantas histórias, houve ainda um fato desagradável que quase tirou a vida dos irmãos. Em 27 de agosto de 2005, eles foram baleados na porta de casa, às seis horas da manhã, por dois homens encapuzados que queriam assaltar o bar. Luis levou um tiro nas costas e diz que até hoje tem a bala alojada; João Carlos levou um tiro na nuca. Apesar da gravidade dos ferimentos, não passaram muito tempo no hospital. “Essa foi a primeira e última vez que fomos assaltados. A amizade das pessoas que sempre vieram aqui é tão grande, que na época recebemos ligações de amigos que hoje moram no Japão, Canadá”, conta João Carlos.
Em 2005, quando o pai ainda estava vivo, a família foi homenageada pelo Sincomércio e pela Associação Comercial de Araraquara como dona de um dos estabelecimentos mais antigos da cidade.
De uma geraçao a outra
A Tabacaria Mineira, estabelecimento que se vê logo na entrada principal do Mercadão Municipal, é um exemplo de como as novas gerações também sabem prezar a tradição. O atual dono, Josué Eiras, de 65 anos, justifica a conservação do lugar como sempre foi dizendo que o espaço é pequeno para a implantação de algo a mais. Mas logo podemos perceber que o tradicionalismo em conservar a imagem da Tabacaria tem motivos mais enraizados do que alguns metros quadrados de diferença.
Josué conta que o estabelecimento foi aberto por um tio seu, Benedito Eiras, que hoje tem 87 anos, juntamente com o Mercadão, em 1959. Josué trabalha na tabacaria há 44 anos, sendo que o tio que a abriu se aposentou e há seis anos voltou para Minas Gerais, onde toda a história começa.
Segundo Josué, toda sua família veio de lá, onde plantava fumo e fabricava queijo. Muitos dos membros vieram estabelecer-se em cidades do Estado de São Paulo, onde montaram tabacarias para vender o produto confeccionado no Estado de origem. Por isso, trabalhar com tabacarias é uma tradição de família.
“A inauguração aqui aconteceu em maio de 1959, era Dia das Mães. O Mercadão era o maior centro de atacados da região. Nem Ribeirão Preto tinha algo igual. As ruas ainda eram de paralelepípedos”, lembra Josué.
Mesmo com o passar de quase 50 anos, o proprietário da Tabacaria diz que a venda e o consumo de fumo não tiveram diminuição. A única diferença que ele aponta é o fato de o fumo de corda ter perdido mercado para o desfiado, que, além de ser ofertado em vários estabelecimentos, tem mais saída que o antecessor. “De dez anos para cá, o fumo de corda caiu 60%”, confirma.
Diversificação
Entre as poucas mudanças ocorridas no local está a chegada de uma variedade de produtos ofertados aos fregueses com o passar dos tempos. Antes, o forte da Tabacaria era a venda de fumo. Hoje as pessoas também procuram muito as variedades de isqueiros de luxo vendidos no ambiente, além de cigarros e charutos de sabores. Porém, só percebe-se essas novidades do mundo moderno quando se chega bem próximo ao balcão, pois para quem passa defronte ao local, a Tabacaria mais parece um estabelecimento de época.
A forma como a variedade de produtos fica exposta é uma das características de antigamente: o fumo de corda em cima do balcão, os isqueiros todos expostos na pequena vitrine, as diversas marcas de cigarro penduradas na prateleira, além de vários canivetes colocados em todos os espaços vãos. “Tem fregueses que hoje vêm com os netos comprar, mesmo que não seja o próprio fumo. Vêm comprar outras coisas, mas vem por conta da tradição”, revela seu Josué, que lembra ainda a época em que o ponto era um dos principais de Araraquara.
Segundo ele, Lauro Natel, quando governador de São Paulo, sempre passava pelo Mercadão quando estava na cidade, pois se hospedava no hotel Uirapuru, que fica ao lado. “Muitos políticos vinham visitar. O hotel Uirapuru era, na época, o melhor e mais luxuoso de Araraquara”, conta.
Além de uma tradição de família, Josué classifica a Tabacaria como um hobby seu e conta que recusou todas as ofertas de venda recebidas pelo ponto. Ele também se esquiva de responder quando a pergunta é sobre quem cuidará da Tabacaria no momento em que ele se aposentar. “Ainda estou vivo, vou tocando até quando der”, confessa.
Publicado em 20/12/2009.
Continuando a apresentar as propagandas antigas, resgatadas pelos nossos valiosos amigos das campanhas anti-tabaco e lembrando que, o cigarro industrializado, sim, faz muito mal e o cigarro artesanal é muito mais saudável e que, não eram só as campanhas de cigarro que tinham essa linguagem de "enganar" o público. Essa é a linguagem universal das propagandas, para todos os produtos e em todos os tempos... ou você acredita que somente um simples comprimido de vitaminas ou um "cházinho" podem mudar sua vida para melhor?
Publicado em 20/12/2009.
Imagens de algumas campanhas antigas de cigarros.
E para fechar com chave de ouro "A Vóz" em pessoa como garoto propaganda!
Publicado em 24/09/2009.
O ato hoje casual de acender um cigarro e sorver a fumaça tem sua origem perdida no tempo. É praticamente impossível determinar como e quando alguém teve pela primeira vez a idéia de acender e aspirar a fumaça das folhas secas do tabaco, planta originária dos Andes. O tabaco acompanhou as migrações dos índios por toda a América Central, até chegar ao território brasileiro. Mas certamente a propagação mundial deste comportamento confunde-se com a história do chamado Novo Mundo: a vasta extensão de terras recém-descobertas que Cristóvão Colombo descobriu em 1492.
Muito antes dos europeus pisarem este lado do planeta, o fumo fazia parte do cotidiano dos nativos da América, e sua função estava muito mais relacionada aos sistemas de crenças destes povos do que ao prazer puro e simples do consumo. No Brasil, na época do Descobrimento, o fumo fazia parte dos rituais dos índios de todas as tribos que entraram em contato com os portugueses: como se observou mais tarde - e os relatos dos marujos de Pedro Álvares Cabral confirmaram - a fumaça obtida a partir da queima das folhas era considerada a materialização milagrosa do hálito dos pajés.
A novidade foi motivo de comentários nas cortes européias. Além dos hábitos incomuns - como andar sem roupas, pintar a pele e lavar o corpo com grande freqüência - as gentes da América também aspiravam fumaça... Uma novidade difícil de acreditar, por mais que diversos relatos, como o de Gabriel Soares de Souza, tentassem explicar a atividade da forma mais didática possível: "vimos que alguns nativos demonstravam grande aplicação em sorver a fumaça das folhas queimadas para dentro, até que lhes saísse pelas ventas".
Por sua aura de delícia e magia, e suas propriedades consideradas curativas, o fumo imediatamente chamou a atenção dos conquistadores. Em 1518, o missionário espanhol Romano Pane enviou ao Imperador Carlos V um punhado de sementes de tabaco que foram cultivadas por Sua Alteza com todo o cuidado, daí resultando a primeira plantação européia. Bem antes disso, porém, alguns marinheiros da esquadra de Cabral já tinham levado para o mar os seus pedaços de fumo. Muitos o usavam para pulverizar o pó sobre as feridas, já que os índios reconheciam o poder do tabaco como cicatrizante. Mas a grande maioria preferia fumá-lo, para diminuir o tédio e a melancolia das horas lentas do mar, por destinos que podiam levar um homem a ficar longe de casa por meses ou anos.
A expansão mundial do uso se deve, sem sombra de dúvida, à interação de Portugal com sua colônia, o Brasil. Por volta de 1550, causavam furor na corte de Lisboa as descrições do poder curativo da planta trazida da colônia por Luís de Góis, um donatário que viera ao Brasil em 1530, na expedição de Martin Afonso de Souza. Após 12 anos explorando as particularidades da nova terra, Góis voltou para casa levando na bagagem as sementes do tabaco. Por suas propriedades medicinais e aspecto exótico, o vegetal foi imediatamente plantado nos jardins da Infanta D. Maria, e a mística em torno de suas qualidades começou. Logo o "mistério dos feiticeiros d'além-mar" passou a ser chamado de "Erva Santa", ou "Erva-das-Índias", capaz de curar dores de cabeça, males do estômago e as temidas manifestações do Noli me Tangere, ou úlceras cancerosas.
O capítulo que a introdução do fumo ocupa na história da farmacologia é dos mais interessantes. Provando que a tendência a acreditar em curas milagrosas é bastante antiga , tão logo o tabaco foi introduzido em Portugal transformou-se num sucesso . Incomodados com a existência de um medicamento natural tão poderoso, mas que escapava totalmente à descrição de suas minuciosas anotações, grupos de "físicos" (os médicos da época) optaram por uma estratégia científica pouco ortodoxa. Puseram-se a escrever tratados sobre o fumo mesmo sem jamais terem visto uma folha!
Foi assim que, rapidamente, surgiu toda uma "literatura médica" empenhada em provar que a "Erva Santa", em diversas proporções e combinações, podia curar nevralgias, gengivites, fístulas, pústulas, dores de dentes, bicheiras e outras doenças de animais e doenças de pele entre outros males. Naturalmente, várias vozes se levantaram contra a tendência de transformar toda a farmácia da época em uma "botica de uma droga só" - e a calorosa discussão entre tabagistas e antitabagistas, que já dura cinco séculos, começou.
Não sabemos até onde estes eminentes debates influenciaram o embaixador francês na corte portuguesa, Jean Nicot. Mas sem dúvida alguma foi dele a decisão de mandar uma partida de fumo, com algumas instruções, a sua rainha, Catarina de Médici, esposa de Henrique II, atormentada por crises contínuas de enxaqueca. O fumo chegou às mãos de Sua Majestade em 1559. Imediatamente a rainha começou a cheirar o pó e a pitar pequenos cigarros, sendo seguida por boa parte de sua corte.
A iniciativa de Nicot fez com que, mais tarde, o botânico De la Champ batizasse o tabaco, cientificamente, como Herba Nicotiana, dando o nome do embaixador a todo o gênero de plantas ao qual o fumo pertence.
A primazia de Nicot como divulgador do tabaco gerou, no mínimo, uma crise de ciúmes, que acabou legando aos brasileiros, em conseqüência, um dos mais interessantes relatos sobre a invasão francesa ao Brasil, em 1550. O Padre Andre Thevet, que acompanhou Villegaignon em suas caravelas, não hesitou em escrever um livro para provar que era ele, e não o diplomata de Sua Majestade, o responsável pela chegada do tabaco à França. Verdade ou não, o fato é que o tabaco entrou na França, na Espanha e em Portugal na década de 1550, mas demorou mais quinze anos para apresentar-se no Reino Unido. Ou seja: os ingleses só tiveram contato com o tabaco a partir de 1565.
Nesta época, a Espanha já estava popularizando o rapé, que logo se tornou moda nos salões: o pó finíssimo das folhas torradas e moídas era servido em ricas caixinhas de metal e porcelana, trabalhadas com ouro e pedras preciosas. É também neste mesmo período que o cachimbo se incorpora à imagem típica do inglês. A origem do cachimbo é curiosa: surgiu da adaptação do objeto tradicionalmente usado pelos índios norte-americanos, que aspiravam a fumaça pelo nariz a partir de exóticos tubos em forma de Y. Da Virgínia, colônia britânica que, mais tarde, faria parte dos EUA, Sir Walther Raleigh levou a moda para a Inglaterra. E logo passou a plantar o fumo, juntamente com a batata, nas vastas extensões de terra que foram designadas pela Coroa para este fim.
Respaldado na aceitação dos poderosos e viajando nos bolsos dos marinheiros que atravessavam o globo, o fumo espalhou-se. Das algibeiras inglesas, o cachimbo e a bolsa de tabaco saltaram para a Holanda, a Alemanha, a Rússia e invadiram toda a Ásia, via Balcãs. O hábito passou dos moscovitas aos tártaros orientais, atingiu a África, a Ásia Menor, a Grécia, a Hungria, a Polônia e, em seqüência, todos demais reinos do Norte.
E Portugal? Após anos de experiências, os portugueses desenvolveram uma tecnologia própria para a confecção de cigarros e charutos primitivos, que passaram a acompanhá-los em suas viagens de expansão. Foi por esta via que o tabaco chegou às Filipinas, em seguida ao Japão, e por fim, à China. Pela mesma época, a Itália o descobre pelas mãos do Cardeal Tornabona, que ensina seu cultivo ao Rei das duas Sicílias. Em meados do século XVII, o mundo inteiro fumava. E a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais tratou de dar novos mercados ao interessante negócio. Com sua longa experiência em monopólios, a poderosa Companhia organizou as rotas para que a Europa passasse a receber fumo principalmente a partir da Holanda, que o importava da América - em particular da Virgínia, Antilhas e Brasil, onde estavam as maiores plantações - redistribuindo-os depois, de acordo com seus interesses econômicos. É por este motivo que a Alemanha, por exemplo, durante muito tempo só pôde abastecer os seus cachimbos com o fumo proveniente da Virgínia, mas despachado via Amsterdã.
Não demorou muito para que as nações envolvidas com o consumo e a produção de fumo descobrissem que ele estava se tornando um negócio muito lucrativo, capaz de pesar decisivamente na balança comercial dos países produtores e distribuidores. Calcula-se que o tabaco brasileiro, na época, rendeu nada menos que 2 milhões de libras esterlinas, levando Antonil, importante observador econômico do Brasil Colônia, a escrever: "É já, (o fumo), depois das alfândegas, a principal receita do Estado. As décimas não receberam mais que 174 contos e 350 o imposto de cisas; em nenhum ano deram mais à Coroa as minas de ouro e dos diamantes do Brasil."
Controlado e tributado desde cedo no Brasil, o fumo e seus derivados só passaram a sofrer a interferência direta do Estado pelo mundo afora no auge do período napoleônico, graças a um episódio casual. Conta-se que, em sua festa de casamento com Maria Luíza, Napoleão ficou impressionado com a exuberância dos trajes e jóias de uma senhora desconhecida que, no salão, ofuscava até mesmo a rainha. Perguntou quem era, e recebeu a resposta surpreendente: não era uma nobre, mas uma burguesa, esposa de um riquíssimo fabricante de cigarros!
O Imperador - que era não apenas um excelente estrategista, mas também um administrador preocupado com a solidez do seu tesouro - considerou que uma fonte tão espetacular de lucro não poderia ficar abandonada apenas nas mãos de particulares. E o resultado da ostentação da bela senhora foi que, pouco depois, o monopólio da comercialização de tabaco em toda a França passou para as mãos do Estado.
Até os últimos anos do século XVI, os colonos portugueses obtiveram fumo pelo escambo, sistema de trocas que beneficiava muito mais o colonizador que os índios. Percebendo que estavam perdendo a terra, as riquezas que existiam nela e a própria liberdade, os índios não tardaram a reagir. Começava aí o longo ciclo de guerras que marcou de forma dramática as primeiras páginas da História do Brasil, e que tiveram influência direta na produção de fumo.
As primeiras lavouras de tabaco formadas pelos colonos surgiram da necessidade de garantir o consumo próprio. Como as "escaramuças" entre flechas e canhões nunca tinham data certa para começar - nem para acabar - era preciso plantar o próprio fumo ou esquecer o cigarro, pois os índios, até então os únicos produtores, nem sempre estavam dispostos a colaborar. Logo, porém, muita gente apareceu disposta a comprar o excedente: afinal, na Europa a procura crescia, e vários negociantes começavam a vislumbrar as grandes possibilidades de lucro que surgiriam a partir da criação de uma via regular de abastecimento.
Enquanto a cana-de-açúcar era plantada em larga escala, o fumo ocupava áreas reduzidas, concentradas entre Salvador e Recife, sobretudo nos arredores de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. A produção era basicamente doméstica. Apenas a partir do final do século XVII surgiram produtores com maior capacidade, que passaram a empregar mão-de-obra escrava. Até então, como a atividade não ocupava os doze meses do ano, quase todos os produtores eram também senhores de engenho e criadores de gado, que afirmavam que "faziam algum fumo" como complemento da renda familiar.
Na primeira metade do século XVII, durante a ocupação holandesa em Pernambuco, o fumo produzido naquela Capitania ocupou papel importante na carteira comercial de produtos oferecidos pela Companhia das Índias Ocidentais. Com o estabelecimento definitivo da primazia portuguesa na colônia, começaram a aparecer as primeiras legislações reguladoras da atividade produtiva. Em 1674, o monopólio da metrópole foi garantido, através da criação da Junta de Administração do Tabaco, cujas determinações estabeleceram as "regras do jogo" não apenas para o Brasil, mas para todas as colônias portuguesas. O surgimento da Junta significou também o início de uma pesada tributação sobre o fumo (dízimos, taxas aduaneiras, donativos, direitos locais), que vigoraram principalmente na Bahia e em Pernambuco, já que no Rio de Janeiro a cultura foi proibida e todo o comércio dado a um particular.
De 1690 a 1730, uma legislação especial tentou regular o comércio a partir do controle das cargas transportadas. As vastas extensões do território e a diversidade de áreas produtivas fez com que a norma não obtivesse muito sucesso. Somente em 1751, sob a mão firme do Marquês de Pombal, foram criados novos regulamentos e órgãos especiais como a Mesa de Inspeção do Tabaco. A partir desta data a legislação enfim se estabilizou e vigorou até depois da Independência.
Nesta época, o fumo brasileiro passou a ter três destinos principais. O produto de primeira e segunda qualidades era exportado para Lisboa. De lá, cerca de 60% era comercializado para a Europa – Portugal, e ilhas adjacentes consumiam o restante. O fumo de terceira qualidade tomou um destino até então inexplorado: o tráfico de escravos africanos.
Foi a partir desta época que o fumo baiano virou a principal moeda nas transações que envolveram compra e venda de escravos, especialmente na Costa da Mina e, em menor escala, em outras regiões da África, como Angola e Moçambique. As lavouras de fumo cresciam, para atender às necessidades de um sistema de produção que dependia mais e mais do braço escravo, privilegiando a sede de lucros da metrópole. A necessidade era tanta que Lisboa, que normalmente controlava com vigor todo e qualquer produto das colônias, inúmeras vezes simplesmente desprezou os excessos de produção das lavouras de tabaco da Bahia. Por fim, estas acabaram por se desenvolver com maior autonomia que qualquer outra atividade produtiva no Brasil colônia. Embora as quantidades para exportação fossem controladas (apenas 200 toneladas por ano na primeira metade do século XVII) e a qualidade determinada (só o fumo de terceira qualidade era enviado à África), a verdade é que o intercâmbio entre a Bahia e a Costa da Mina representou nada menos que 30% das exportações de fumo do Brasil, durante o período colonial. Esta relação durou até o fim do tráfico, no século XIX, e está na origem da riqueza de vários comerciantes baianos.
Com a extinção do tráfico negreiro, o fumo baiano teve que buscar outras direções. Mas o comércio não chegou a ser afetado: a produção destinada à Costa da Mina foi redirecionada para a Europa e o mercado interno, com vantagens. Ao final do século XIX, o fumo já havia se consolidado como um elemento fundamental na formação econômica e social do país.
No período colonial, o Brasil, como todas as possessões portuguesas, estava terminantemente proibido de ter fábricas em seu território. Condenado à produção da matéria-prima - e a consumir produtos manufaturados da metrópole - o país teve que aguardar até 1808 pela chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro, antes de pensar em uma indústria nacional. O alvará de D. João VI que tratava do tema abriu caminho para o início do desenvolvimento do setor. E as primeiras fábricas foram as de rapé.
As primeiras fábricas de rapé brasileiras de que se tem notícia foram as de Caetano Januário (1817) e Pedro José Bernardes (1818), no Rio de Janeiro. Em 1819, o suíço Frederic Meuron funda a fábrica de Area Preta, na Bahia, que mais tarde criaria sucursais em Andarahy Pequeno (Rio, 1832) e em Chora Menino (Pernambuco, 1836). Em 1833, mais duas fábricas apareceram na Bahia, inclusive a que produzia o famoso rapé Princesa de Lisboa, no bairro Nazaré. Em 1850, o Rio era o grande produtor de rapé do país, com cinco fábricas, entre elas a de João Paulo Cordeiro, cujo prédio seria comprado, mais tarde, pela Souza Cruz.
A fábrica de João Paulo Cordeiro era a mais importante do território fluminense, com produção de 100 mil libras e faturamento anual de 100 mil réis. Empregava 53 operários (49 escravos) e era a concorrente direta da fábrica de Meuron, que na Bahia produzia 165 mil libras anuais de rapé, com apenas 24 operários (18 escravos e 6 estrangeiros). Juntas, as cinco fábricas do Rio lançavam anualmente no mercado 347 mil libras de rapé, empregando 110 operários (98 escravos, 11 estrangeiros e 1 brasileiro). Mas a florescente indústria logo entrou em decadência. E o responsável foi aquele que se transformaria na mais nova vedete dos salões: o charuto.
Símbolo de sofisticação e bom gosto, o charuto ganhou os salões no final do século XIX e permaneceu soberano durante toda a República Velha. Ligado a uma aura de masculinidade e modernidade, seu surgimento logo dividiu os adeptos do fumo em tabaquistas (consumidores de rapé) e fumistas (apreciadores de charutos). Nas ruas e saraus da época, um e outro propagava a preponderância de sua opção e de suas idéias. Como o rapé significava "o velho", e o charuto, "o novo" (e não podemos esquecer que o século XX era, então, o novíssimo século), o charuto venceu, e o rapé desapareceu. Tudo isso, sem dúvida, contribuiu para tornar o ato de fumar charuto um verdadeiro ritual, que até hoje conta com inúmeros adeptos.
Por ser inteiramente artesanal, a indústria de charutos sempre teve características muito especiais. Não havia necessidade de maquinaria, prédios especiais, nem pessoal muito numeroso. A fabricação era caseira: com freqüência, as próprias famílias dos lavradores produziam os charutos à noite, depois do trabalho na roça. A facilidade da produção doméstica deu surgimento às primeiras cooperativas de produtores. Em 1842, os alemães de São Leopoldo do Sul (RS), uniram-se para comercializar sua produção que chegava a 21,2 mil unidades mensais, com lucros de até 800 mil réis.
Mesmo assim, começaram a surgir pequenas fábricas, cerca de 300, espalhadas pelo país, com média de apenas 5 funcionários em cada uma. Foi na Bahia, em 1851, que surgiram duas das principais manufaturas cujos produtos marcaram época: a de Costa Ferreira & Penna, e a de Viera de Melo. A partir de 1870, nomes como Danneman, Suerdieck, Pimentel e Companhia de Charutos Poock começaram também a fixar suas marcas no mercado. Quase totalmente consumida no país, a produção charuteira chegava aos 40 milhões de unidades/ano em meados do século XIX, subindo para 60 ou 70 milhões no fim do século.
Não que ele fosse desconhecido: afinal, o hábito de desfiar o fumo de corda e colocar dentro de uma palha para enrolar os cigarros viajou nas caravelas, com os portugueses.. Mas a transformação do cigarro em indústria altamente produtiva, no Brasil, é um fenômeno do século XX. Antes disso, os poucos cigarros industrializados disponíveis eram importados, e consequentemente, muito caros: além do valor da exportação, havia a questão dos impostos. O surgimento da indústria nacional cigarreira contribuiu para a queda do consumo do charuto.
Em 1874, o português José Francisco Correia estabeleceu um pequeno negócio de fumo na Rua Sete de Setembro, centro do Rio de Janeiro, com capital inicial de apenas 100 mil réis. Dois anos depois, a fábrica ampliou-se, já com o nome de Imperial Estabelecimento de Fumo, responsável pela produção do famoso fumo Veado. Mais tarde, a fábrica foi transferida para Niterói e permaneceu vários anos como uma das primeiras do mercado nacional. Foi nela que um outro português deu seus primeiros passos na indústria de fumo: o jovem Albino Souza Cruz, que mais tarde fundaria sua própria empresa.
Em 1880, outra grande manufatura de fumo surgiu em Pelotas (RS). Sua marca Cerrito permaneceu no mercado e, em 1912, obteve prêmios de qualidade não apenas em Porto Alegre mas também no Rio de Janeiro, Turim e Milão.
O século XX trouxe pleno vigor para a indústria cigarreira, que passou a dividir suas atividades em dois tipos de fábricas: as que desfiavam o fumo e as que o beneficiavam para exportação. Estas fábricas, ligadas à companhias exportadoras, trabalhavam para atender às exigências específicas do mercado externo: folhas finas e sedosas para a Áustria; bem secas, destaladas, castanhas ou avermelhadas para a Inglaterra; muito claras, elásticas e resistentes, para a Alemanha. As fábricas desenvolveram-se principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, embora alguns estados que produziam pequenas quantidades de fumo tenham lançado também suas marcas no mercado, a partir do fumo já processado. É o caso do Ceará, Sergipe e Maranhão, que no ano de 1900 produziram, respectivamente, 3,5 milhões, 200 mil e 35 mil unidades de cigarros, rapidamente absorvidas pelos seus mercados internos.
Atualmente, com a modernização de maquinário da indústria e grande facilidade de obtenção de matéria-prima, a indústria de cigarros no Brasil vem mantendo uma posição entre os maiores produtores.
A atual estrutura da lavoura, indústria e comércio de fumo surgiram da concentração ocorrida entre 1910 e 1930, conseqüência direta dos movimentos de diversificação da produção acontecidos no século XIX.
Com o final da liberdade vigiada que Portugal impôs ao Brasil durante o período colonial, as lavouras de fumo entraram numa fase de grande expansão. Tornou-se possível cultivar qualquer espécie, em qualquer lugar. Além disso, a possibilidade do comércio direto com países estrangeiros representou um grande incentivo. Nesta arrancada, que começa efetivamente a partir de 1850, as províncias que se destacaram foram as de Goiás, Minas Gerais, Bahia e, por um fenômeno especial ligado à vinda dos imigrantes alemães, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em São Paulo, a cultura foi favorecida pelo aumento populacional motivado pela chegada de milhares de imigrantes que vieram trabalhar nas fazendas de café. Mas o estado nunca foi auto-suficiente no setor, e sempre dependeu do fumo de outros locais para atender sua crescente demanda.
Foi também nesta época que o fumo goiano passou a ser apreciado em todo o Brasil e no exterior. Tido como uma variedade típica, com sabor característico e único no mundo, o fumo de Goiás conquistou o primeiro prêmio na Exposição de Filadélfia - EUA, em 1875.
No século XX, a produção se dividiu em duas vertentes bastante específicas. Enquanto a Bahia conservava sua cultura tradicional de fumos escuros para charuto e folha, o Rio Grande do Sul especializava-se nos fumos claros, principais componentes dos cigarros, cuja indústria estava em expansão. Foi a partir desta fase que a produção no Sul do país começou de fato a se consolidar. Entre 1920 e 1925, a Bahia e o Rio Grande do Sul, juntos, representavam 52,27% da produção nacional. Nos cinco anos seguintes, passaram a responder por 79,93%. Em 1930, a produção dos dois estados quase se igualava: 39, 9 mil toneladas na Bahia (fumos escuros) e 30,34 mil toneladas no Rio Grande do Sul (fumos claros). Surgiu também uma diferença de tecnologia: enquanto a Bahia continuava com a secagem ao sol e em galpões, desde 1920 o Rio Grande do Sul especializou-se na secagem em estufa, melhorando sensivelmente a qualidade de seu produto. Os demais estados produziam apenas fumo de corda.
As grandes fábricas que concentraram a produção fumageira são um fenômeno do século XX. Na Bahia, as pequenas empresas familiares foram desaparecendo aos poucos, dando lugar às fábricas de maior envergadura que começaram a se associar, ocupando fatias cada vez mais expressivas do mercado. Nas primeiras décadas, cinco grandes indústrias dominavam o setor: a Suerdieck & Cia, a Costa Ferreira & Penna; a Stender & Cia; a Viera de Mello e a Dannemann & Cia. Juntas, elas produziram 61,2 milhões de charutos em 1919 - 48% da produção nacional. No ano seguinte, a participação cresceu para 75%.
A necessidade de fortalecimento diante das novas exigências do mercado fizeram com que os conglomerados continuassem a se concentrar. Em 1922, a Dannemann uniu-se à Stender & Cia. Em 1941, a Suerdick & Cia uniu-se à Vieira de Mello. Em 1930, juntamente com a Costa Ferreira & Penna, estas companhias respondiam por quase toda a produção de charutos do país.
O setor cigarreiro também sentiu a necessidade de adaptação. Devido a grande procura no mercado interno, o número de fábricas crescera rapidamente, principalmente no Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul. Em 1912, as maiores empresas já resultavam da associação de homens de negócios cujos nomes eram conhecidos no setor, como José Lopes Correia & Cia, Lopes Sá & Cia, Paulino Salgado & Cia, e Souza Cruz & Cia, todas do Rio de Janeiro. Além destas, merecem destaque a Leite & Alves (com fábricas no Rio e na Bahia), a Gonçalves & Guimarães, a maior de São Paulo e a Henning & Cia e a dos irmãos Schultz, ambas no Rio Grande do Sul. Em 1920, estas empresas respondiam por cerca de 80% da produção nacional, que chegava a 300 milhões de maços.
O setor de beneficiamento de fumo em folhas também não escapou ao fenômeno da concentração. O principal exemplo ocorreu em Santa Cruz do Sul, onde em 1918 seis beneficiadoras se uniram para formar a Companhia de Fumos Santa Cruz. Entre seus sócios, estavam os irmãos Schultz, que tinham a maior fábrica de cigarros da região sul e a empresa de Theodoro F. Schilling & Cia, também proprietária de uma fábrica de cigarros. O capital inicial de 500 contos de réis subiu rapidamente para 1, 2 mil e chegou a 2 mil contos em 1926, tornando a companhia a maior beneficiadora de fumo do país.
Ao longo do século XX, a produção da indústria brasileira não parou de crescer, tendo garantido não apenas o abastecimento externo, mas uma vigorosa retomada das exportações. Nos últimos seis anos do século XX, o Brasil alcançou a liderança mundial nas exportações de fumo em folha, conseqüência da alta qualidade e segurança de abastecimento. Os principais compradores são, pela ordem: Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. Em 1999, 305,6 mil toneladas foram enviadas ao mercado externo, movimentando cifras da ordem de US$ 951,2 milhões e respondendo por 1,86% do comércio exportador.
Fonte : Perfil ABIFUMO
Fonte da reportagem: SOUZA CRUZ
www.souzacruz.com.br
Obra de Almeida Júnior (1850 - 1899)
Publicado em 06/08/2009.
Obra de Almeida Júnior (1850 - 1899)
Publicado em 29/05/2009
Todo o processo de produção começa com a escolha das sementes, dos melhores e mais produtivos pés de tabaco, quando as sementeiras estão secas, inicia-se o plantio, que originalmente era realizado diretamente no solo, e hoje, é realizado primeiro em viveiros e posteriormente transplantados os pés já com uma altura aproximada de 20cm.
Em condições apropriadas, elas germinam rapidamente.
A etapa seguinte é o crescimento, quando muito cuidado para evitar pragas e geadas são tomados.
Quando as folhas atingem as condições idéias, são colhidas e inicia-se o processo de cura.
Até este momento os processos são bastantes semelhantes, seja para a produção de tabaco para cachimbo, seja para a produção de cigarro de papel, de charutos e cigarrilhas ou mesmo para o fumo de corda (palheiro).
Após essa etapa, os processos se tornam distintos e agora vamos comentar somente o processo para a produção de fumo de corda ou fumo de rolo.
Todas as folhas são classificadas, de acordo com a sua posição no caule e suas características, que determinam assim, a sua melhor utilização.
Nesta fase os rolos de fumo estão prontos para a comercialização
Cada tipo de tabaco e cada região produtora dá origem a um determinado tipo de fumo, conhecidos habitualmente pelo nome da região, como o Goianinho, o Arapiraca, o Passo Fundo, etc.
Outros, recebem os nomes de suas característica principais, como o amarelinho.
São vendidos por grama, e cortados no momento da compra, ou previamente embalados em pequenas porções ou ainda, já desfiados.
Mas não é nesse momento que o fumo pode ser apreciado, pois antes é necessário escolher a palha ideal ou o papel em que será enrolado.
Só então o cigarro de palha está pronto para ser aceso e apreciado, sem pressa entre uma prosa e outra, com os amigos.
Em minha infância, participei de todas as etapas da produção e comercialização do tabaco.
Inúmeras vezes fomos até as regiões produtores acompanhar o meu pai na escolha e negociação de compra dos melhores rolos.
Depois quando o tabaco chegava em casa, estocavamos os rolos das variadas marcas e até mesmo produziamos nossa variedade de sabor, com a aplicação de uma calda de caramelo e novo enrolamento, conforme os rolos iam secando e afrouxando.
Ora faziamos o fracionamento dos rolos e rolos menores, para a venda na região ou mesmo o fracionamento em porção para a venda.
Quando então estas frações eram embaladas e encarteladas.
Já na comercialização, participava, no atendimento do cliente no balcão da tabacaria da família.
Texto de Márcio R. Eiras
Publicado em 10/10/2008
Já contei em outros "posts" que minha família tem tradição nos negócios com tabaco.
Agora vou contar sobre um charuto que conheci a pouco tempo.
Foi em uma festa de aniversário de um amigo, que pude apreciar um delicioso charuto. Estava uma noite fria, e alguns charutos da caixa que ele havia recebido de presente, foram distribuídos, sai do salão de festas com um na mão, fui para a sacada acendi o charuto e fiquei ali, admirando a natureza e os sonhos noturnos daquele maravilhoso clube de campo de Sorocaba.
Notei que éra um charuto que para mim, tornava prazeroso o ato de fumar até sobrar praticamente uma pontinha de nada do charuto, ao passo que outros charutos, nacionais ou Porto Riquenhos e Dominicanos, me faziam largar deles quando ainda restavam 1/3.
Guardei o selo do charuto em meu bolso e chegando em casa tratei de pesquisar sobre o mesmo.
Descobri o site, a fábrica, seu proprietário e toda a história que envolvia a produção dos mesmos, inclusive os comentários de quem já havia apreciado os charutos.
Um belo dia, fui até a cidade aonde fica a fabrica La Union.
Foram momentos muito agradáveis.
Sou detalhista e observador, porém, não me prendo a nomes técnicos, notei o cuidado com a produção e o clima positivo de toda a equipe da fábrica, incluindo as tradicionais enroladoras de charutos.
Após visitar toda a linha de produção, qualificação, maturação e armazenagem, pude
sentar na sala e apreciar um compacto, ao lado do seu criador o cubano Diógenes Puentes, .
Momento acompanhado por um bom café preparado na hora e muita conversa sobre o mercado de charutos e o bom gosto na escolha da embalagem dos charutos Don Porfírio
Não vou "rasgar sedas" para falar da qualidade dos charutos Don Porfírio, serei curto e grosso ao me limitar a dizer que: Vale cada centavo, pago por ele.
Produzido com as melhores folhas de tabaco brasileiras e de acordo com os métodos e tradições cubanas, supera em qualidade muitas outras opções do mercado.
Para saber mais sobre os charutos, visitem o blog de Álvaro Cézar Galvão, que descreve com muito mais profundidade e propriedade sua visita a fábrica.
Horário de atendimento
segunda a sexta - das 08:30h às 17:0045h
Sábados - das 08:30 às 17:30h
Domingos - Fechado
Telefone/WhatsApp: (16) 99765-0856
E-mail: tabacariamineira.aqa@gmail.com
Redes sociais: Facebook /TabacariaMineiraAraraquara